MARINA ABRAMOVIC: I DARE YOU

 


Marina Abramović é uma renomada artista performática nascida na ex-Iugoslávia em 1946, conhecida por seu trabalho inovador que explora temas como o corpo, a resistência, e a presença. Ao longo de sua carreira, ela desenvolveu performances intensas e desafiadoras que frequentemente envolvem o público e questionam os limites do comportamento humano e da arte. Abramović é famosa por suas performances de longa duração e pela capacidade de criar experiências emocionantes e transformadoras. Seu trabalho é considerado fundamental na arte contemporânea e tem influenciado uma geração de artistas. Entre suas performances mais conhecidas estão "Rhythm 0" e "The Artist Is Present".


FIRST THINGS FIRST...

O QUE É PERFORMANCE, AFINAL?

Performance artística é uma forma de arte que envolve a execução ao vivo de uma obra, geralmente em frente a uma audiência. Ela pode incorporar elementos como ação, corpo, espaço e tempo, e muitas vezes busca explorar conceitos e ideias de maneiras não convencionais. Aqui estão algumas características principais

Rest Energy, Marina Abramovic e Ulay, 1980

Nos anos 60 e 70, as performances começaram a se destacar como formas de arte legítimas, e tudo isso graças a um cenário cultural bastante agitado. Naquela época, o que estava bombando era a arte conceitual. Esse movimento trouxe a ideia de que o conceito por trás da arte era mais importante do que o produto final em si. Ou seja, em vez de se preocupar com a pintura ou a escultura como objetos vendáveis, o foco estava na ideia e na mensagem que a arte transmitia.

Esse novo olhar ajudou a afastar a arte do formalismo tradicional e fez com que o ato artístico fosse visto como algo que transcendia o trabalho manual do artista. A ideia central era que a arte poderia existir como um pensamento em movimento, quase como uma máquina que produz arte sem precisar de um objeto físico.

Nesse clima de mudança e experimentação, as performances ganharam um espaço especial. Elas foram abraçadas como uma forma de expressão artística, apoiadas pela ideologia da arte conceitual, que ajudou a legitimar essa nova abordagem. A partir de então, performances não eram mais vistas como apenas um show ou uma apresentação, mas como uma expressão artística genuína com seu próprio valor e significado.


BACK TO ABRAMOVIC... 

Ela utiliza o próprio corpo como objeto de arte, tema e meio de expressão com a proposta de explorar artisticamente os limites físicos e os potenciais mentais do ser humano. Marina é conhecida por suas performances extremas e exaustivas, nas quais se expõe ao perigo, dor e à agonia. Ao longo de sua trajetória artística, já se esfaqueou, tomou drogas para induzir o estado de catatonia, ficou sob a mira de uma arma carregada, foi cortada e desmaiou no centro de uma estrela em chamas por falta de oxigênio. 




Art must be beautiful, artist must be beautiful, Marina Abramovic, 1975


LOVERS

Marina uniu sua arte e vida ao seu parceiro alemão, Frank Uwe Laysiepen, conhecido por Ulay. Durante 12 anos eles realizaram muitas performances juntos, dando continuidade aos temas já abordados por Abramovic antes, como resistência corporal, os sentimentos humanos e sua imaterialidade e a repetição de movimentos e ações, destacando em todos os trabalhos a confiança total entre eles. O relacionamento dos performers é considerado a mais longa performance de amor já feita

Marina e Ulay

Em “The Lovers – The Great Walk” (fig. 5), Ulay teve a ideia em 1983 de percorrer a Muralha da China e casar-se com Marina no meio do percurso, porém a autorização do governo chinês demorou quase sete anos para acontecer, mas, em 1988 Ulay e Marina partiram de pontos distintos, ela no extremo leste e ele no extremo oeste para se encontrarem no caminho. A ação teve duração de três meses, porém o encontro dos artistas no meio do caminho foi marcado pela separação do casal e não pelo casamento, como era a ideia inicial. A peça, inevitavelmente, era sobre amor, particularmente o fim dele, e com isso o fim da colaboração artística de 12 anos de Abramović e Ulay.


THE ARTIST IS PRESENTE... ULAY ALSO


Uma de suas performances mais icônicas de sua carreira, “The Artist is Present”, realizada em 2010 no MoMa (Museu de Arte Moderna) em Nova York (fig. 6), integrava a exposição da retrospectiva de 40 anos de trabalho da artista. A apresentação durou mais de 700 horas em 75 dias, onde Abramovic permaneceu sentada em uma cadeira de madeira, à frente de uma mesa e outra cadeira de madeira vazia. O público durante três meses fez filas na frente do museu para poder sentar-se em frente à performer. Essa ação é derivada de uma performance realizada por Abramovic e Ulay nos anos 1980, intitulada ‘Nightsea Crossing”. Em 2010, Abramovic substituiu a presença de Ulay pelo público. Ela se mantem imóvel, quase como uma escultura, encarando o espectador sentado à sua frente. A linguagem e a interação de ambos são não verbal, as emoções são canalizadas pelo corpo e pelo olhar. Não é necessário diálogo para se comunicar verdadeiramente com o outro.

Ulay e Marina, Nightsea Crossing, 1980

No dia de abertura da reperformance ela se reencontrou com seu parceiro de vida e de trabalho. Devido à trajetória juntos, o reencontro foi muito emocionante para ambos. Marina pela primeira e única vez teve uma conexão tátil durante toda a performance, se moveu e deu as mãos para Ulay. Num exemplo palpável de que um olhar diz mais do que qualquer palavra, eles não precisaram dizer nada. Naquele minuto de silêncio, tudo o que precisava ser dito, foi dito. E esse era exatamente o objetivo de Marina, olhares conectados sem a necessidade do toque.

Marina e Ulay, MoMa, 2010


Ulay e Marina, MoMa, 2010

Marina, MoMa, 2010







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